quarta-feira, 8 de junho de 2011

INDIGENAS NO BRASIL

FICHA COMPLEMENTAR RELACIONADA A ADIÇÃO DE CONHECIMENTOS BÁSICOS REFERENTES AOS INDIGENAS NO BRASIL
( OBJETIVO: INTRODUÇÃO DE BASES  VISANDO O ENEM )

OS PRIMEIROS HABITANTES DO BRASIL

Os indígenas foram os primeiros povos que habitaram as terras brasileiras, muito antes do português aqui ter chegado. Em um tempo muito distante, diferentes grupos indígenas buscavam sua alimentação na caça e na coleta de frutos e raízes. Os que viviam próximos ao litoral complementavam sua alimentação com a pesca. Retiravam da natureza o que ela lhes oferecia, garantindo o sustento e a sobrevivência do grupo. Eram grupos nômades, pois não se fixavam num só lugar. Estavam sempre mudando em busca de seu sustento.

  Os grupos humanos organizavam-se e relacionavam-se entre si e com a natureza de diferentes formas, de acordo com suas necessidades de sobrevivência.  Cada povo indígena tinnha  características próprias de organização: homens e mulheres tinham funções sociais bem definidas; a natureza masculina era por eles  compreendida como guerreira e com aptidão para as artes da guerra; aos guerreiros cabia proteger a tribo, mulheres, crianças e idosos. A morte, para os homens indígenas, só era considerada honrosa quando acontecia na luta, na guerra com grupos inimigos. Essa forma de compreender as coisas dava aos guerreiros uma condição de superioridade em relação aos demais do grupo. Além da guerra, cabia aos homens as tarefas que exigiam força física, como caçar animais ou preparar a terra para o plantio.


          A extração de matéria-prima da natureza e produção para o sustento do grupo eram tarefas das mulheres. Entre os diferentes grupos indígenas, as atividades realizadas pelas mulheres eram leves, portanto consideradas inferiores à guerreira, que exigia força física. A mulher coletava frutos e raízes, preparava o alimento, cuidava dos filhos e em algumas comunidades amazônicas ainda semeava, plantava e colhia os alimentos.

POSSÍVEIS ORIGENS DOS INDÍGENAS DAS AMÉRICAS

 Quando e de onde vieram os primeiros habitantes do continente americano? A resposta não é tão simples. Cientistas e pesquisadores arqueológicos estão até hoje buscando uma resposta convincente e comprovada. Inúmeras pesquisas já foram realizadas, mas os estudiosos
não chegaram a um acordo. O único ponto em que não há discordância é de que o homem americano não é originário das Américas. E, nesse sentido, existem algumas teorias. A mais aceita entre os estudiosos é a que propõe que a América teria sido povoada por três ondas migratórias, todas vindas da Ásia, entre 10 a 15 mil anos atrás, que seriam:

Na primeira migração, povos do nordeste asiático (norte da China, Coréia, Japão) atravessaram o estreito de Bering numa época de congela-mento da região (glaciação) que uniu a Sibéria (Ásia) ao Alasca. Essa migração teria dado origem a todas as tribos indígenas da América do Sul, Central e grande parte daquelas da América do Norte.

A segunda migração deu origem às tribos nômades da região noroeste da América do Norte.

A terceira migração teria originado os povos esquimós que habitam a região ártica do Pólo Norte.


Já outras teorias levantam a hipótese de que mais duas correntes migratórias teriam povoado as Américas: uma, de antigos navegadores provenientes dos arquipélagos da Melanésia e Polinésia, no Oceano Pacífico, chegando até a América do Sul; a outra, que pode ter vindo da Austrália e ter atingido a América na região da Antártida. Observe no mapa ilustrativo acima a representação dessas hipóteses.
Pesquisas mais recentes levantaram outra possibilidade: de que um grupo teria se deslocado da África para a Ásia e daí
para a América, por volta de 15 mil anos atrás, tendo assim características negróides.

 Quanto à época, não há nenhuma concordância. A idade dos fósseis humanos mais antigos encontrados na América varia entre 12 a 15 mil anos atrás. No entanto, a arqueóloga brasileira Niéde Guidon afirma ter datado restos de fogueiras humanas com mais de 35 mil anos no estado do Piauí. Mas grande parte da comunidade científica e arqueológica norte- americana não aceita essa hipótese por não haver
comprovação de fósseis humanos.

     Você pode estar se perguntando: mas afinal de contas, entre tantas teorias, qual é a mais verdadeira? As pesquisas científicas arqueológicas procuram confirmar suas teorias, e as que relatamos acima são as mais aceitas, porém ainda estão sendo comprovadas. No entanto, uma coisa é certa: somente essas diferentes migrações e povos podem explicar a enorme diversidade de culturas indígenas que dominavam o continente americano, dos Esquimós aos Maias, até os grupos do Brasil. Enquanto uns povos eram nômades e viviam somente da caça e da coleta, outros já praticavam agricultura avançada e faziam grandes construções, como os Maias, Olmecas, Astecas e Inças.

     A cada dia, contudo, novas pesquisas nos trazem mais achados e perguntas. E isso é o marco da ciência: uma teoria pode ser substituída por outra mais fundamentada. Nada é para sempre.

POVOS CAÇADORES E COLETORES

Provavelmente, os primeiros habitantes do Brasil que viviam há milhares de anos nos campos do sul e sudeste, no Brasil central e no nordeste eram povos caçadores. Como ainda não haviam desenvolvido a agricultura, viviam somente da caça, pesca e coleta de frutos e raízes. Eram o que
chamamos de povos nómades. Aqueles que habitavam os campos do sul tornaram-se habilidosos caçadores.

Utilizavam-se da pedra, do osso e da madeira abundante na região para fabricarem seus instrumentos de caça. Arco e flecha eram seus principais instrumentos. Nas pontas das flechas eram colocadas pedras pontiagudas para penetrar e fixar-se no animal a ser caçado com mais facilidade.

Como precisavam continuamente deslocar-se quando os recursos da região habitada se esgotavam, não construíam moradias. Vivendo como nómades, dormiam e comiam a céu aberto ou, temporariamente, em cavernas que encontravam pelo caminho. As pinturas rupestres encontradas em cavernas brasileiras fornecem pistas para entendermos o modo de ser e viver dos antigos habitantes desse território. Seus desejos, seus medos, suas vitórias e derrotas estão ainda presentes nessas pinturas.

O POVO DAS CONCHAS

Na região litorânea brasileira, habitaram outros grupos indígenas. A base de sua alimentação era obtida pela pesca. Diferente dos povos caçadores, o povo indígena do litoral tinha abundância de alimentos, o que lhe permitiu a fixação na região por um tempo maior, isto é, tornaram-se seminômades. No local onde se estabeleciam, construíam suas habitações e enterravam seus mortos. Esses locais são conhecidos como sambaquis ou concheiras, pois ali eles iam depositando no chão as conchas dos moluscos que comiam. Ao longo dos anos, formavam-se verdadeiras montanhas de material orgânico. Esses sambaquis têm servido para os arqueólogos, historiadores e antropólogos descobrirem um pouco mais sobre como viviam e se organizavam esses grupos indígenas.

Os povos dos sambaquis eram excelentes artesãos. Fabricavam seus instrumentos e objetos utilizando pedras e ossos como matéria-prima. Com o osso, faziam pontas para flechas, arpões, anzóis e facas. Com a pedra, esculpiam machados, panelas e pilões, além de produzirem esculturas
representando animais da região ou formas humanas.

OS PRIMEIROS POVOS DE AGRICULTORES

Aproximadamente há 4 mil anos, o indígena da Amazónia aprendeu a plantar, possivelmente
comos índios habitantes da Cordilheira dos Andes ou ca América Central. Dessas regiões, trouxeram produtos como milho, feijão, tabaco e algodão, e aqui desenvolveram suas própriasculturas.Mais tarde, introduziram o cultivo de plantas corantes, medicinais, de palmeiras e da mandioca.

Vivendo ao longo das margensdo rio Amazonase aproveitando-se dos lecursos da
região, desenvolveram também a arte dacerâmica.Essas atividades proporcionaram a fixação dos grupos indígenas da Amazônia no local, tornando-os sedentários. Os Marajoara, um dos povos da região, construíam suas habitações em cima de morros artificiais, às margens dos rios, possivelmente para evitar as inundações.
        
Algumas sociedades eram bastante numerosas e possivelmente tinham organização social mais complexa que as dos demais grupos de caçadores e coletores. Os estudos arqueológicos sobre esses povos estão apenas no começo, por isso temos poucas informações consistentes sobre eles.

O INDÍGENA E A EXPLORAÇÃO DA NATUREZA

Ao ser "descoberto", em 1500, o Brasil apresentava-se como um espaço indiferenciado, isto é, um espaço em que as condições naturais não tinham sofrido grandes modificações pela ação do homem e que ainda se encontrava subpovoado. Na verdade, admite-se que por toda a extensão do país viviam cerca de quatro a seis milhões de indígenas ainda em plena Idade da Pedra Polida, os quais
não conheciam a escrita e desenvolviam apenas uma atividade econômica de subsistência. Pouco numerosos, viviam numa economia natural, obtendo alimentos através da caça, pesca e coleta de frutos silvestres, fazendo, para o auto-abastecimento, uma pequena agricultura de produtos tropicais, como a mandioca, o milho e o feijão. Não possuíam animais domésticos, mas na floresta e nos rios obtinham alimentação em grande quantidade durante todo o ano.

Assim, nas florestas, nas caatingas e nos cerrados eram abundantes as aves, os macacos de várias espécies, os mamíferos de porte médio, como a anta, o porco-espinho, o veado, a onça, o tamanduá e uma série de pequenos mamíferos roedores. A pesca era abundante nos rios, nos lagos e no mar; nos estuários, em que há mistura de água doce dos rios com água salgada do mar, conseguiam
crustáceos de várias espécies, além dos peixes do mar que na época da desova costumavam subir os rios.

Vivendo em uma economia de auto-abastecimento, é natural que os indígenas não tivessem desenvolvido uma importante atividade comercial entre as várias tribos, o que também não estimulava a formação de condutos de pessoas e de mercadorias; não havia estradas, sendo os caminhos verdadeiras trilhas no meio da floresta. Daí podermos classificar o espaço brasileiro, nesse período, como um espaço indiferenciado.
        
As tribos, vivendo da caça, pesca e coleta, necessitavam de grandes áreas, a fim de se abastecerem;
faziam migrações sazonais, sobretudo na época da safra de certos frutos, abundantes em outras regiões, como no litoral nordestino onde era freqüente o caju, fruto muito rico em vitamina C e que curava certas moléstias que atacavam os índios, como o escorbuto. Elas agregavam em tabas um
número relativamente grande de indivíduos que obedeciam a um chefe - o cacique - e respeitavam uma autoridade religiosa - o pajé. Um conselho de anciãos funcionava, quase sempre, como órgão de assessoramento ao cacique. As tabas eram formadas por uma série de habitações coletivas -
as ocas - que se dispunham em círculo, em torno de uma área central. Em cada oca viviam dezenas de indígenas sem separação por sexo ou família. A família indígena era poligâmica, podendo o homem possuir, ao mesmo tempo, várias esposas. Não havia uma apropriação individual da terra, sendo as áreas de caça de propriedade da tribo. Cada família fabricava os utensílios de que necessitava, havendo uma grande sobrecarga de trabalho sob a responsabilidade das mulheres, já que os homens se consideravam sobretudo guerreiros e caçadores, admitindo que os trabalhos agrícolas cabiam às mulheres.
         
Quando duas tribos se desentendiam, devido à demarcação de áreas de caça e de pesca ou por outros fatores, havia, geralmente, a guerra; os indígenas, não tendo ainda atingido um estágio de economia agrícola, não costumavam escravizar os vencidos, por isso matavam ou devoravam os mais valorosos, aqueles que durante a luta e após a derrota demonstravam coragem. Alguns povos
indígenas eram, portanto, antropófagos ou canibais.

Os estudiosos, baseados sobretudo na língua que os indígenas falavam, costumam agrupá-los em grandes nações: os tupis, habitantes do litoral, da região do Rio da Prata e do Baixo Amazonas; os gês ou tapuias, habitantes do interior; os cariris, do sertão do Nordeste; os nu-aruaques, da Amazônia ocidental e da Ilha de Marajó e os caribes, do Planalto Guiano. Grupos menores ainda ocupavam outras áreas do atual território brasileiro.


DOMÍNIO E EXTERMÍNIO

As doenças trazidas pelos portugueses contribuíram para a dizimação dos indígenas. É claro que os portugueses não sabiam, na época, que tinham essa poderosa arma. Os nativos, além de desconhecer tais doenças, não tinham imunidade contra elas, pois nunca as haviam tido. Morriam facilmente após adquirirem doenças como varíola, sarampo, gripe, entre outras. Acredita-se que grande parte dos indígenas morreu dessas doenças já nos primeiros contatos com os brancos. Além das enfermidades, as armas de que os portugueses dispunham, em relação às dos indígenas, lhes
garantiram superioridade bélica, mesmo sendo em menor número. Os portugueses tinham armas de fogo e utilizavam-se de cavalos, enquanto o índio combatia a pé e com arco e flecha.

     É importante compreender que a dizimação da população indígena ao longo da história do Brasil se deu pelos seguintes motivos:

As guerras e os conflitos com os brancos e mestiços em geral;

As doenças e epidemias arrasadoras contraídas dos colonizadores;
O processo de aculturação: a cultura indígena foi pouco a pouco sendo sufocada, negada ou
descaracterizada pelo mundo branco. Muitos índios incorporaram a cultura dominante branca e perderem sua identidade cultural, seus hábitos, costumes e religiosidade.

O processo de mestiçagem, que foi ocorrendo ao longo do tempo, deu uma característica própria à sociedade brasileira. A cultura indígena se faz ainda fortemente presente, seja nos hábitos alimentares, como os subprodutos da mandioca; na roça de subsistência do caboclo; na rede de
dormir, espalhada por todo o país; na crença em bons e maus espíritos; nas histórias e lendas como o saci-perêre, boitatá, curupira, boto cor-de-rosa, entre outras, tão fertilmente
conservadas em nossa tradição e imaginário popular.

Também está fortemente presente no espírito de liberdade e insubmissão do caboclo e do mestiço ao trabalho escravo nas grandes lavouras extensivas de cana, café e algodão ao
longo da história.

 Hoje, os índios formam uma população de menos de 300 mil habitantes, compreendendo índios aculturados que vivem no meio civilizado, praticamente afastados dos seus costumes e hábitos; índios que vivem em reservas sob a proteção da FUNAI (Fundação Nacional do Índio); índios que
vivem nas grandes reservas, como no Parque Nacional do Xingu e que mantêm contato com o homem branco e, finalmente, aqueles que pertencem a algumas tribos que ainda não entraram em contato com o homem civilizado.

Um comentário:

Anônimo disse...

faltou referenciar o texto que vc colocou quase todo de Manuel Correia de Andrade: Formação territorial e economica do Brasil.