segunda-feira, 11 de julho de 2011

UNIÃO EUROPÉIA VIVE UM DIA DE CÃO: FINANÇAS DESREGULADAS ACUAM GOVERNOS E SEMEIAM PÂNICO. BRASIL DEVE EXTRAIR LIÇÕES DA CRISE E CONTROLAR CAPITAIS.

UNIÃO EUROPÉIA VIVE UM DIA DE CÃO:
FINANÇAS DESREGULADAS ACUAM GOVERNOS E SEMEIAM PÂNICO. BRASIL DEVE EXTRAIR LIÇÕES DA CRISE E CONTROLAR CAPITAIS. 

A segunda-feira 11-07, foi escolhida pelos mercados financeiros para humilhar governos e autoridades européias, incapazes de responder à turbulência especulativa que derrubou bolsas, gerou fuga de capitais, elevou spreads e acuou países não mais da periferia do euro, mas agora gigantes como a Espanha e a Itália empurrados até a ante-sala da insolvência. A Espanha foi praticamente esfolada pelos credores, que exigiram juros recordes para carregar títulos de sua dívida. Fundos norte-americanos detonaram a Itália com a venda maciça de papéis, agravando as incertezas sobre o país. Nenhuma medida, nenhuma instituição, de dentro ou de fora da Comissão Européia, incluindo-se aí a tibieza assustadora de Barak Obama, apresentou-se para afrontar a manada especulativa. A paralisia reflete,  no fundo,  uma impossibilidade estrutural de digerir o colapso dos mercados desregulados em seus próprios termos, politicamente ainda não superados. É dessa tensão entre o velho e o novo que avultam  manifestações mórbidas, como o enjaulamento da Grécia e a imolação de seu povo para saciar credores num mergulho recessivo que impede ao invés de favorecer a superação dos graves desequilíbrios fiscais. Mas  não só. Quando a maior economia do planeta, os EUA, cria apenas 18 mil vagas de  trabalho em um mês, como aconteceu em junho, fica evidente que o caminho da ortodoxa não tem mais nada a oferecer, exceto recessão e instabilidade. O cenário internacional  reforça  a percepção  insistentemente repetida por diferentes analistas  nesta página, como Amir Khair, economista da FGV. Eles  evocam a necessidade de medidas mais contundentes que protejam o desenvolvimento brasileiro num horizonte de longa instabilidade externa e exasperação dos capitais especulativos. A timidez das medidas gradualistas na área cambial deve ceder lugar a um controle explícito dos fluxos parasitários.Hoje eles esfarelam a UE; amanhã poderão se voltar contra o Brasil. A política monetária deve liberar fundos públicos sacrificados no pagamento de juros da dívida interna para uma efetiva mobilização de investimentos em infraestrutura que redundem em maior competitividade industrial, vagas de trabalho, exportações e  demanda interna. Hoje o país investe cerca de 2,5% do PIB em infraestrutura . Desperdiça mais de 6% do PIB em juros aos rentistas.O governo Dilma não pode mais dispersar energia política e recursos preciosos.Na semana passada, operários do ABC  foram às ruas exigir medidas contra a desindustrialização que desloca empregos e produção para o exterior. O governo deve fazer a leitura correta dos acontecimentos: o tempo das hesitações esgotou.
(Carta Maior; 3º feira 12/07/ 2011)

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